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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Carros oficiais

            Denúncias na Câmara Municipal de Poá levaram o jornal Diário do Alto Tietê a basear seu editorial do dia 13 de Agosto último no uso de carros oficiais pelos servidores municipais. Levantou a dúvida de que a mentalidade do povo brasileiro não sabe dissociar o que é público do que é privado e que o gasto excessivo de combustível pelos veículos do Legislativo é mais uma prova deste problema. Eis o que escreveu o editor:

            “Alguns vereadores acreditam que seu papel perante os eleitores é de mera prestação de serviços. Se você precisa tirar uma cópia de algum documento e não tem dinheiro (ou não quer gastar), vá até o gabinete destes parlamentares, que eles farão este serviço “gratuitamente”. A Câmara é a Casa do Povo, deve estar sempre aberta e servir à população. Algum parente seu está com problemas de saúde e você, que não tem condução própria, pede ajuda. Claro que o seu vereador/prestador de serviços estará sempre à disposição. Então, ele pede ao assessor que vá até a casa deste eleitor e o leve até um hospital mais próximo para ser “solidário” e ajudar os que mais necessitam.

            Seu parente é diagnosticado, medicado, mas precisa fazer uma bateria de exames tendo que esperar dias, senão meses, para agendar os exames e mais algum tempo para marcar o retorno com o médico. Mas você é esperto, e com o apoio do vereador pede uma “forcinha” e o assessor então chega até a diretora do posto de saúde e pede para que consiga um encaminhamento para fazer o exame em um hospital de São Paulo. Sem contar que para ir até a unidade hospitalar usa-se o carro oficial, assim chegará mais rápido, não precisa pagar pedágio, tem estacionamento privativo e ele poderá fazer todos os exames necessários.

            A essas alturas o público e o privado praticamente inexistem para estes dois personagens, mas sempre é possível ir além. Digamos que mesmo com a “forcinha” para conseguir os exames, quis os destino que seu parente morresse de uma doença crônica. É um momento de transtorno para a família. O primeiro que aparece para lhe prestar as condolências é o vereador/prestador de serviços. Contudo, ele oferece mais que os pêsames, ele paga o funeral com direito a caixão, coroa de flores e todas as taxas incluídas. Ao final de quatro anos esta família vai se lembrar de tudo o que ele fez pelos seus parentes, ou melhor, pela comunidade e, naturalmente, irá retribuir todos os serviços “gratuitos” na hora da reeleição.

            Tudo isto aconteceu com o seu dinheiro, fruto dos impostos pagos para que os vereadores legislem. Ao invés de lutar por um atendimento de saúde de qualidade (ou pelo menos fiscalizar o já existente), resolva-se o meu problema particular. Ao invés de trabalhar para conseguir um transporte de pacientes adequado, é mais fácil levar no carro da Câmara. O uso de  veículo oficial acontece indiscriminadamente todos os dias. E o principal papel dos vereadores fica relegado a último plano. É preciso uma investigação rigorosa e, mais que isso, uma educação de qualidade, com consciência política para a população.”

            Em Arujá, muitos carros oficiais não são personalizados. Alguma razão têm para isso. Denúncias de carros oficiais sendo utilizados nos finais de semana chegam à redação, assim como fotos de carros oficiais sendo utilizados para serviços particulares. Vamos moralizar, o povo está de olho, mas mal informado.

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